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Temos novos artigos: Carta Aberta em Defesa de A Grande Síntese. "Medicina da Queda", artigo de Gilson Freire. E a mensagem de despedida dos brasileiros, proferida por Ubaldi em São Paulo, 1951.

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O PESCADOR DE ALMAS

Que seria da humanidade sem a revelação dos homens de gênio, que aparecem de tempos em tempos?
Allan Kardec (A Gênese)

Faz-se conveniente, ao interessado em conhecer a obra de Ubaldi, uma rápida introdução à sua vida, situando-o no contexto de nosso tempo e propiciando-se uma correta avaliação da importância desse autor e o elevado alcance espiritual de sua obra.

O grande missionário nasceu em Foligno, na Itália, em 1886. Distando sua cidade apenas 18 km de Assis, a terra natal de São Francisco, cresceu embalado pelo misticismo franciscano e apaixonado pelos ideais do cristianismo. Naturalmente que, já trazendo ao nascer as insígnias de uma missão, foi levado por impulso interior a viver intensamente os princípios evangélicos e a dedicar a sua vida a compor um trabalho literário embasado em elevado teor inspirativo. Alimentado por visões e sensações espirituais indescritíveis que só experimentam os grandes homens santos, tornou-se um insigne filósofo espiritualista sob os auspícios do Evangelho de Jesus.

A despeito de formado em Direito e Música, sobrevivia modestamente como professor de inglês, profissão que exerceu até a sua aposentadoria, ainda na Itália. Sua família era possuidora de grande fortuna, contudo, dela se abdicou, preferindo viver na simplicidade franciscana, julgando que os bens da herança não lhe pertenciam, por não terem sido frutos de seu próprio esforço.

Apesar da educação eminentemente católica que recebeu em vida, encantou-se com o tema da evolução e, aos 26 anos, tornou-se reencarnacionista depois de conhecer e estudar a codificação espírita de Allan Kardec.

Casou-se e teve três filhos: Vicenzina, desencarnada aos 2 anos de idade, Franco, morto na 2° Guerra Mundial e Agnese que o acompanhou durante toda a vida, vindo a falecer em São Paulo, em 1975.

Sua missão apostólica inicia-se aos 45 anos, quando, tomado por visões espirituais, diz-se inspirado por uma entidade que denominou Sua Voz e, impulsionado por seu elevado pensamento, passou a escrever mensagens sublimadas dirigidas aos cristãos do mundo. Até que, de 1932 a 1935, compôs a sua primeira e principal obra, intitulada A Grande Síntese, escrita em quatro verões sucessivos. Tão grande foi a recepção desse trabalho que seus capítulos foram traduzidos e publicados em nosso país, na revista espírita O Reformador, muito antes de se tornar um livro. E logo se seguiram outros volumes de igual magnitude.

Tão bem os brasileiros receberam a sua profícua composição literária, diferentemente dos europeus, que, em 1951, ele foi convidado a visitar o nosso país e aqui proferir uma série de palestras. A ressonância às suas ideias no seio de nosso povo, receptivo por natureza a todas as concepções de enlevo espiritual, o encantou de tal modo que, no ano seguinte, para cá ele se mudou definitivamente com sua família. Deduzia assim que a velha Europa não podia compreender e acolher, com o devido valor, as suas elevadas proposições, as quais somente aqui encontrariam um terreno fértil o bastante para albergá-las, fazendo-as florescer com inigualável vigor.

A Grande Síntese foi louvada por homens eminentes em todo o mundo, incluindo Einstein, Monteiro Lobato, Torres Pastorino, Chico Xavier e Emmanuel que a ela se referiu como sendo o Evangelho da ciência. Dedicando a sua vida a escrever, ele terminou por compor uma extensa obra de 24 volumes, coroada pelo livro Cristo, escrito nos derradeiros meses de sua vida, encerrada aos 86 anos, em 29 de fevereiro de 1972.

Com o livro Deus e Universo, 11o de sua coleção, o grande missionário nos brindou com a mais elevada revelação teológica de que temos notícia da criação e de Deus, explicando as razões últimas da mecânica da vida e do funcionamento fenomênico do universo. Sem contrariar as verdades existentes, seus ensinamentos não somente nos enchem de admiração, como nos permitem efetuar uma unificação de todo o conhecimento que o homem acumulou até os nossos dias.

Sua obra tornou-se assim o mais completo tratado filosófico-teológico que se conhece, aplicável indistintamente a todas as seitas e doutrinas. Estabelecendo a imparcialidade e a universalidade como fundamentos de suas revelações, Ubaldi não pretendeu destituir nenhuma delas e muito menos formar grupos distintos que viessem digladiar com as verdades alheias, mas, unicamente ajudar a todos a se encontrarem com a unidade do pensamento divino. E um único parâmetro o norteou na vida, do qual ele jamais se distanciou: o Evangelho. Por isso, ele une todas as religiões, as filosofias de todos os tempos e as teorias modernas da ciência em torno da doutrina de Jesus, o Mestre de todos os séculos, fazendo de sua obra um compêndio eminentemente cristão.

Segundo nos conta, em 1931, estando ele fazendo sua caminhada matinal na estrada de Colle Umberto, apareceu-lhe a figura de Cristo e a de Francisco de Assis que, durante vinte minutos, o acompanharam, confirmando a sua elevada posição de missionário em nosso mundo, impressionando-o significativamente pelo resto de sua vida. Ele jamais o afirmou, mas aqueles que com ele conviveram guardavam a nítida impressão de estar diante de um dos grandes apóstolos do passado. Sua paixão por Cristo e por Francisco de Assis denotava a sua grande familiaridade com esses Espíritos, atestada na mensagem que este último lhe dirigiu, através da mediunidade de Chico Xavier, em 1951, por ocasião de sua visita ao famoso médium, em Pedro Leopoldo.

Como nos informa o seu principal biógrafo, José Amaral, ao lermos com atenção esta belíssima missiva temos a impressão de que o grande santo fala a alguém que lhe é, não somente íntimo, mas um antigo companheiro de apostolado, cumprindo importante missão na Terra: “Pedro, [...] Lembra-te? Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu. Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta! A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo. É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados. Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que jamais nos faltou. Avança... Avancemos... Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor é o cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do terceiro milênio. Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão. Não exijamos esclarecimentos. Procuremos servir. Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar”.

Essas considerações levaram os estudiosos a admitir que Ubaldi foi, de fato, a reencarnação do Frei Leão, o amigo íntimo de Francisco de Assis que o acompanhou até a morte e lhe cuidou dos estigmas da crucificação, conforme nos atestam as vozes que promanam de diversas obras mediúnicas. E, como nos afirmam essas revelações, Frei Leão, por sua vez, foi a reencarnação do apóstolo Pedro, enquanto que Francisco de Assis era o mesmo João Evangelista que voltava às tristes paragens terrenas. Dois grandes missionários de Cristo que não nos abandonaram e regressaram ao nosso convívio a fim de dar continuidade às suas nobres missões de conduzir a nossa humanidade, sob os auspícios do meigo Rabi. Tudo nos leva a crer que Frei Leão, retornando agora como Pietro Ubaldi, foi assistido pela voz do Santo de Assis que, das esferas superiores, lhe ditava o pensamento do divino Pastor, continuando a Sua tarefa de nos devolver ao aprisco celestial, onde se encontra.

Como não nos deixarmos emocionar diante da notícia de que recebemos, com efeito, a visita do grande apóstolo, fundador da igreja cristã? Repetindo o que se passou com a vinda de Elias que, reencarnado como João Batista, “não foi reconhecido e fizeram dele o que bem entenderam” (Mateus 17:12), nós também não conseguimos identificar a voz do discípulo de Jesus que voltava e, desatentos e ludibriados por dogmas e injustificáveis imposições institucionais, deixamos passar ao léu a importante mensagem restauradora do Evangelho que ele nos trouxe.

Para aqueles que seguem adiante, julgando absurdo que um santo tenha deixado seus páramos luminescentes para acudir nosso infeliz desterro, vale a pena repetir as palavras do Messias a Pedro: “Simão, filho de Jonas, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe então Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas” (João 21:16). Teria o pastor, porventura, olvidado o pedido do Mestre a quem tanto amava, relegando-nos aos abismos da dor e da ignorância? Certamente que ele continuou a nos assistir na esteira dos séculos e, condoído de nosso obscurantismo, tem retornado periodicamente ao nosso encontro, renunciando momentaneamente ao conforto das altas esferas que habita, sofrendo as nossas misérias e suportando a nossa inferioridade por obediência e amor a Cristo e a nós.

Não se pode questionar as mais elevadas credenciais que dão veracidade e conferem autoridade à mensagem desse insigne missionário da Boa-Nova, que retornou às sombrias plagas do nosso planeta para continuar o seu apostolado, auxiliando-nos na aquisição dos mais sagrados patrimônios evolutivos, a fim de nos libertar das seculares algemas da ignorância e do mal. Basta ler a sua obra, com o coração aberto, e reconheceremos a voz do grande pastor da Igreja de Cristo ressoando no imo de nossa alma, fazendo reverberar em nós a mais indizível alegria. Chico Xavier, com sua aguçada percepção espiritual, reconheceu a elevada estirpe espiritual do grande benfeitor e a seu respeito nos disse: “Pietro Ubaldi é um espírito maravilhoso, que provém de altas esferas espirituais. Deixou uma obra de imensa luz e, até hoje, trabalha na espiritualidade para o progresso de todos nós”.

Por tudo isso, não podemos mais ignorar a mensagem de Ubaldi e passar adiante como se tudo já soubéssemos e nada mais nos fosse necessário. Não deixemos que o orgulho vil nos encegueça, afastando-nos dos mais elevados conceitos que estão à nossa disposição na atualidade, imprescindíveis à conquista da felicidade e da paz que tanto almejamos.

Belo Horizonte, inverno de 2005

Gilson Freire

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