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Temos novos artigos: Carta Aberta em Defesa de A Grande Síntese. "Medicina da Queda", artigo de Gilson Freire. E a mensagem de despedida dos brasileiros, proferida por Ubaldi em São Paulo, 1951.

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V I S Ã O D O A L É M

PIETRO UBALDI

Este opúsculo faz parte do farto material relativo à vida e à obra de Pietro Ubaldi, que nos foi generosamente encaminhado por Eugênio Cônsoli, espírito lúcido e sensível que dedicou grande parte de sua vida ao estudo e à divulgação do pensamento desse grande filósofo.

Na oportunidade do XI Congresso Pietro Ubaldi em Belo Horizonte, foi preparado para ser editado e disponibilizado aos interessados.

A Comissão Organizadora

Agosto de 2006

  

Introdução

Consideramos de suma importância registrarmos aqui a origem deste opúsculo que, segundo informações que recebemos e vocês agora passarão a conhecer nas linhas abaixo, faria parte (este opúsculo), do final do livro “Pensamentos”, escrito por Pietro Ubaldi.

Com certeza, vocês saberão aprofundar os fatos aqui narrados e as reflexões a respeito dos mesmos fatos, deixadas para nós por esse homem que se entregou por inteiro numa vida de dedicação inaudita a serviço da humanidade, acabando por deixar para nós uma janela aberta para o infinito, através dos 24 livros que escreveu.

Agradeço a todos que me ajudaram a fazer chegar até suas mãos esta minha colaboração. Estou certo de que Pietro Ubaldi vibrará de alegria entre seu Povo, no Plano Espiritual, assim como vibrava aqui na terra ao contemplar cada livro que escrevia, saindo do prelo, pois sabia ele e mais do que nunca o sabe agora, que tais escritos ajudarão seus irmãos de caminhada a prosseguirem através dos milênios, nesta astronômica viagem de volta para o Seio de Deus!

Eugênio Cônsoli

Informação

A respeito da origem deste opúsculo, deixou-nos Manuel Emígdio da Silva[1]a seguinte informação:

“Em suas últimas semanas de vida (janeiro e fevereiro de 1972), no Hospital São José, na cidade de São Vicente, SP, onde faleceu no dia 29 de fevereiro desse mesmo ano, Pietro Ubaldi gravou numa fita cassete os escritos registrados neste pequeno livro. Essa gravação foi entregue pela família de Pietro Ubaldi ao seu amigo Aléssio Galati, que a levou para a Itália e a publicou 10 anos depois, em 1982, numa revista italiana sob o título de ‘PIETRO UBALDI E A VIDA DEPOIS DA MORTE’. Essa gravação deveria integrar uma 3ª parte do volume Pensamentos, se Pietro Ubaldi tivesse vivido mais tempo.”

E no livro Síntese MonistaUma ideia Nasce..., o autor ainda escreveu:

“Pietro Ubaldi empregou os últimos meses, as últimas semanas, os últimos dias, as últimas horas, no próprio hospital onde pouco depois se extinguiu, a gravar um livrinho ainda – o terceiro dessa série “Pensamentos” - a que a princípio dera o título de “Demonstração Experimental da Grande Lei”, conforme ele próprio nos informou em novembro de 1971, quando de nossa penúltima visita ao grande amigo. E naquela ocasião, ou seja, três meses antes de morrer, e dois antes de entrar para o hospital, dizia-nos que se Deus lhe desse forças escreveria um 4° livrinho dessa série a que talvez desse o título de ‘Mandamentos’.

“Depois de sua morte fomos informados em sua casa de São Vicente que o 3º livro da série Pensamentos, por enquanto constituído apenas de folhas esparsas e de gravações interrompidas devido ao seu estado de saúde extremamente precário, deveria receber um título diferente, por vontade do seu autor,possivelmente: “Visão do Além”. Ficamos esperando que as pessoas competentes se pronunciem a esse respeito.”

  

Comentário de Alessio Galati sobre “Visão do Além” ou “O que é a vida depois da morte”

Um breve artigo do engenheiro Mário Pincherle, conhecido estudioso das ciências espirituais, de titulo “Não sabemos o que seja a morte”, que apareceu no periódico “A Aurora” em 1980, induziu-me pela sua finalidade moral e comovente conteúdo, de tornar conhecida uma premissa absoluta do pensamento de Pietro Ubaldi, sobre esse trágico assunto da nossa vida terrena: as suas palavras em seus últimos instantes de vida. Elas constituem o resultado de tudo que viveu e o final de toda a sua vida de pensamento e paixão, como ainda, a evidente conclusão de toda a sua Obra profundamente cristã.

Ao voltar do Brasil, trouxe comigo uma bobina com o registro da sua voz quando ainda estava internado em um hospital de São Vicente, a espera da morte que o libertaria, para que fosse conhecida a sua palavra, no momento oportuno, como me foi recomendado. Numa coincidência singular com o artigo acima mencionado, que só hoje tive ocasião de ler, este ano comemora-se o 10° aniversário da morte de Pietro Ubaldi e esse me pareceu ser o sinal esperado para homenagear a sua memória, divulgando a experiência de uma alma que chegou à presença de Deus.

O artigo em questão refere-se a um caso doloroso: a morte do único filho, ainda jovem e muito amado, do Sr. Luigi Clementi, amigo de Ubaldi e de Pincherle, o qual, invocando a morte do filho, escreveu a Ubaldi para pedir conforto e ajuda para a sua dor desesperada. A resposta de Ubaldi relatada no artigo é parte integrante das suas últimas e mais profunda experiência em harmonia com a sua Obra, que é obra de ressurreição. A carta, em resumo, fala de um pensamento “extracerebral”, confirmando a sobrevivência do espírito que ele observa e estuda em si mesmo, não obstante, a decadência fisiológica do corpo. “Envelheço e não morro, que experiência sublime!”, já tinha escrito no início da Obra. A carta conclui: “Não sabemos que coisa seja a morte”... “A morte não existe, é somente uma mudança de ambiente e modo de viver”.  

Quando em 1970, depois de 18 anos de separação, fui vê-lo no Brasil sabendo que estava no fim da sua obra e da sua vida, como por ele previsto. Encontrei-me naturalmente frente a um Ubaldi fisicamente debilitado, curvo, cansado, mas com uma incrível vivacidade de espírito que quase me fazia entrever em seu lugar um jovem de magnífica fisionomia. Não era nova essa imagem que tinha dele, desde a Itália, depois de cada um dos nossos encontros. Fiquei desiludido por essa imagem não lhe corresponder esteticamente; mas, dessa vez, a visão se sobrepunha imediatamente a uma triste e indesejável realidade. Podemos agora dizer-nos: seria simples fenômeno de reação e sugestão ou também uma real visão, somente relativa e contingente, de uma juventude e beleza interior e eterna que o seu espírito emanava?

O assunto é, com certeza, relativo ao espírito que possuímos, mas a nossa idealização estética não responderá talvez e também a qualquer realidade metafísica e futura? Não estamos usando, talvez, na nossa linguagem e nas nossas relações de convivência, das semelhanças de beleza e feiura que tomamos de algum reino da Natureza para caracterizar o espírito de um individuo? Poesia e verdade, diria Goethe. Todavia, um fato é certo quanto ao horror instintivo que temos à caducidade e corrosão das formas, das quais o nosso espírito se reveste: que a morte é precisamente a confirmação da sobrevivência do nosso espírito com o continuo despedaçar-se das formas relativas, a nós adequadas, mas que queríamos que fossem eternas por um principio mesmo de “criação”, da qual participamos como a imagem e semelhança de Deus, nosso “Pai”. Formas relativas que não são simplesmente aquelas estabelecidas e desejadas por Ele, mas por nós mesmos. E como, diferentemente, poderíamos ter consciência de um devenir mutável do mundo se assim não fosse? Seria, se assim fosse possível, um mundo imóvel, absoluto, absurdo, sem ideais e esperanças, fixando-se no que realmente ele é: um inferno eterno!

Em verdade, qualquer coisa que se possa ter dito, ninguém jamais realmente amou este mundo para nele viver perfeitamente acomodado; ama-se somente a vida em si mesmo, no seu fluir e renovar-se incessante. Este não é o mundo dos vivos, mas dos mortos (Lucas, IX:60), em real espera da sua ressurreição.

Assim, a morte parece-nos dizer: Olha o mundo em que estás para tua experiência e juízo; esse mundo é o que tens desejado porque a ninguém é dado passar por experiências que não pediu ou mereceu. E agora, diga-me, se te agrada este em que estás em lugar daquele que jamais teríeis desejado. No volume Deus e Universo, de Ubaldi, são admiravelmente explicadas as razões teológicas da existência da morte, e em Evolução e Evangelho, o método para se vencê-la.

Pode-se bem entender, portanto, que, depois de trinta anos de amizade, de lembranças, de uma intensa correspondência, a ideia de uma partida para nunca mais ser visto era para mim de todo inaceitável. E quando recebi a noticia do decesso desse meu verdadeiro “pai espiritual”, foi uma queda moral que me derrubou longamente, sentindo-me só e abandonado. Mas, uma tarde do mesmo ano, alguns dias antes de partir para o Brasil para colocar uma coroa de flores em nome dos amigos e uma lápide sobre a sua tumba, e enquanto pensava com tristeza no vazio em que me encontrava, senti de improviso uma voz clara e inconfundível dizer ao meu ouvido psíquico: “Mas, eu não estou morto!”.

Não me alongarei mais, cedendo a palavra a Pietro Ubaldi. São as suas últimas palavras, pouco tempo antes de entregar sua alma a Deus, parecendo haver-nos abandonado aqui na Terra. Foram registradas por sua filha Agnese, também ela desencarnada poucos anos depois (1975), cujo nome quero aqui lembrar. Deveriam fazer parte de uma 3ª parte complementar das duas precedentes publicadas na obra intitulada Pensamentos, nas quais ele observa a ação providencial da Lei de Deus em alguns casos positivos e negativos vividos por pessoas que lhe eram próximas. Até ao fim de suas forças, ele não deixou de pensar em sua Obra para o bem da humanidade. As reticências são decorrentes à comoção e às pausas induzidas pelo cansaço que o oprimia.

Alessio Galati

Artigo publicado em um jornal italiano em 1982 e gentilmente traduzido por Ferdinando Ruzzante Netto

 

 O que é Vida Depois da Morte

Dessa vez falaremos da Lei, tema supremo, direi mesmo esmagador para as minhas forças, mas dele falarei em termos simples, entre amigos. Torna-se mais fácil, para mim, falar dele agora pelo fato que a lei, nesse caso, eu a vi agir, como se poderia dizer na minha própria pele, isto é, sobre a minha pessoa! Fato do qual agora procurarei realizar uma análise exata, não estando fantasiando e perdendo-me em teorias porque não sou louco. O prova o fato de que essa análise, eu a estou realizando com o máximo cuidado, procurando investigá-la o mais profundo significado para compreender o mundo imerso que está dentro desse fato. Eis-me, portanto, a narrar o que sucedeu.

Eu me encontro enfermo... de cama, há um mês, com várias complicações. Sendo-me impossível escrever, não sabia como expressar as minhas ideias. Devo aqui fazer notar um fato: como vinham essas ideias? A doença me dava uma sonolência profunda e um esgotamento físico... notável. Ora, nessas condições, sucedeu que a parte física do meu organismo se enfraqueceu extremamente. Tendo a sorte de dispor, ao meu lado, de todos os desvelos possíveis e pessoas de plena confiança que me tratavam com amor, eu quis me abandonar completamente a elas e esquecer todas as preocupações e os pensamentos deste mundo. Produziu-se, assim, uma gradual eliminação dessas preocupações e pensamentos e se extinguiu aquele foco de pensamentos, preocupações, medos, etc., que costumam encher o cérebro humano no estado de vigília. Eu me encontrei, assim, com a mente inerte no vazio. Mas, qual mente? Quero dizer a mente cerebral, aquela que contém todos os assuntos humanos, as coisas deste mundo. Todo este mundo desapareceu... o meu cérebro se libertou e se colocou em estado de repouso, ele também, juntamente com o organismo humano de que ele faz parte. Portanto, toda a parte física, orgânica, incluindo o cérebro, foi colocada fora de causa e eliminada essa parte humana, a minha personalidade se achou inerte e no vazio.

Ora, que existe nesse inerte e nesse vazio? Observemos um pouco: nesse estado de abandono e de inércia, eu não me senti de fato inerte; chegou de fora um outro mundo, o mundo das ideias. A minha mente começou a pensar... mas aqui estão acontecendo coisas à volta de mim, eu as vejo, as observo, as entendo... O que é que todas essas coisas querem fazer?... Essas coisas se movem, vão de uma direção para outra, portanto existe um fim que elas querem alcançar. Há uma mente que as dirige e, portanto esses fatos me revelam um pensamento e eu, nessa paz... neste vazio... eu devo descobrir qual é esse pensamento que está por detrás desse fato, desses fatos. Eis a chave do mistério: descobrir!... Quero ver! Quero saber! Isto é o que mais me interessa. E assim comecei a observar... e aqui não posso fazer a análise de cada fato miúdo, mas... já notei a técnica do meu método de trabalho. E agora que expliquei o método do meu trabalho, analisemos o fato. O que é que aconteceu?

Há cerca de um mês adoeci ligeiramente, depois sempre mais gravemente até encontrar-me hoje num esgotamento profundo com os efeitos que contamos agora. Nessas condições, o que é que a Lei fez? Observemos o trabalho das suas mãos e procuremos compreender por que o fez e o que significa e onde quer me conduzir. Antes de tudo... fato estranhíssimo, inverossímil, fez chegar muitas ajudas financeiras antes de eu começar a estar mal. Digo ajudas financeiras não porque eu seja pobre, mas porque sustentar o peso imenso dessas doenças estava para além das minhas possibilidades econômicas e eu não poderia sustentar uma doença desse gênero como despesa. Ora, a Lei sabia que eu tinha necessidade desses meios e... os enviou, porque de outro modo não havia razão para que eles chegassem... Imprevisível! Inverossímil!. Da parte de pessoas de que eu não tinha o direito de esperar coisa alguma!... Primeiro fato, passemos ao segundo.

Eu estava sem médico, um médico que me visitava raramente, visitas de controle que não serviam para nada. Poucos dias antes de eu adoecer me é apresentado um outro médico que está radicado na mesma cidade onde eu resido, perto de minha casa, e esse médico é encarregado de olhar por mim. Esse médico resulta ótimo, cheio de atenções para comigo, de modo que me foi de grande ajuda... no desenvolvimento e resolução da doença.

Passemos a outro fato...

Em casa, confinada aos cuidados da família, nós tínhamos uma menina muito barulhenta, a qual teria sido de grande incômodo... durante a minha doença. Ora esse fato é ligado a um outro: a família dessa menina estava na grande cidade vizinha onde só era possível encontrar trabalho e tanto o marido como a mulher estavam ambos empenhados nisto de tal maneira que não poderiam de maneira nenhuma tomar conta da menina. Ora, eis o fato incrível inverossímil que se verifica de repente: o marido tinha procurado em vão até agora, com mil tentativas inúteis de encontrar um trabalho qualquer, quiçá modesto, mas que lhe desse para viver e se punha desesperadamente a trabalhar, ele e a mulher, só para se sustentarem. Eis que... inesperadamente... minha filha fala por acaso com um senhor e no meio de muita conversa lhe diz que o marido dessa minha neta, da filha da minha filha, estava desempregado e procurava trabalho, mas que era um jovem inteligente, cheio de experiência, advogado, hábil na profissão. Esse senhor... que falava com minha filha lhe disse: “Olhe, neste momento” – neste momento – “temos necessidade da ajuda de um advogado que nos resolva um caso complicado. Mande-nos, mande-nos esse seu rapaz”... E dito feito, o marido da minha neta foi e começou a trabalhar. Inteligente, rápido e competente também noutras matérias que não eram apenas as de advogado... foi capaz de dar uma ajuda bem válida à solução daquele caso do qual os outros não eram capazes de sair... e assim começou a ser desejado, tanto que disseram: “Bem, pelo seu trabalho quer uma determinada compensação ou ficar conosco assalariado, fixo”. O jovem disse: “Quero” – disse – “ficar assalariado porque tenho necessidade de conquistar uma posição”. Ótimo, e ficou assalariado, o que lhe caiu das nuvens, a ele um moço ansioso que não encontrava emprego em nenhum lugar há anos, cansando-se e consumindo-se por esse motivo sem concluir nada. De repente, num mês se lhe oferece uma posição ótima com um salário altíssimo, o que lhe resolve o problema de toda a vida. E voltemos à menina.

Esse fato dele ter encontrado uma posição estável lhe assegura a vida, pode arranjar uma casa definitiva, pagando ele todo o necessário, libertando a mulher do esforço de trabalhar, permitindo-lhe acudir à casa e à menina e eis que a menina vai-se embora da minha casa indo para a casa deles e eu posso adoecer tranquilamente. Isto também é uma coisa incrível, inesperada inverossímil! E aconteceu, e essas coisas vão todas para a mesma direção. Mas há um outro fato menor, mas esse importante também...

Pouco antes de adoecer, estando-se aqui na estação quente, tínhamos pensado de nos deslocarmos todos para... o planalto vizinho onde o ar é mais fresco e mais saudável. E estávamos prontos para partir... eu já tinha quase preparado a mala quando... o médico nos diz: “esperem ainda uma semana, por prudência”. Se o médico não nos tivesse dito isso, nós teríamos partido confiantes. Ora, que teria acontecido se uma força providencial não nos tivesse impedido de partir? Teríamos chegado a uma pequena casa de campo, desprovida das coisas mais difíceis, complicadas, como remédios, certas comodidades, etc. Feita só vilegiatura e casa isolada sem telefone, longe de qualquer médico ou pelo menos dispondo somente de médicos desconhecidos e provisórios. E o que é que teríamos feito lá, perdidos naquele deserto, quando a doença, como depois realmente se verificou, tivesse começado a complicar-se sem fim, senão a reduzir-me ao estado em que me encontro? Naquelas condições teria morrido. Que se teria feito ali? Teriam-me transportado com uma ambulância na capital vizinha e lá, sem conhecimentos, não saberia onde teria ido ter e que tratamento teria sido feito, tudo desordenadamente, em mãos de médicos desconhecidos. Pelo contrário, ficando na terra onde me encontro, o médico está perto, todos nos conhecemos, não nos falta nada, temos as comodidades... as ajudas, tudo aquilo de que temos necessidade e só assim é que me foi possível salvar-me, porque eu estava bem mal... Ora, também esse fato foi introduzido na mente daquele médico, de esperar uma semana, aquela semana que foi decisiva e que fez ver que o mal estava agravando. Se aquele médico não tivesse pensado aquela coisa inócua e indiferente, de nenhuma importância naquele momento... que curso diverso teria tomado tudo isto?...

E aqui terminei de contar detalhes do fato e agora vamos ajuntá-los todos: mas eles vão todos para a mesma direção. Desejam fazer a mesma coisa e o fazem por caminhos insuspeitos, imprevisíveis... a respeito dos quais eu não fiz nada e ninguém da minha família, tudo é automático, digo automático!... O que é que significa automático? Que eu não fiz nada e todos os outros é que fizeram! Que outros? Mas nem sequer as pessoas que estão perto de mim fizeram coisa alguma porque não sabiam nada! São tudo previsões de fatos imprevisíveis!... E tudo isto sucedeu?... Mas aqui há um pensamento... há uma vontade!... Não posso... porque eu, esta a sinto!... toco-a!... aperta-me!... arrasta-me!... envolve-me!

Tive de parar um momento para me refazer da emoção. Não faço teorias. Essa força me salva, me ajuda, me faz ver o que é, o que é o Sistema, o que é Deus, o que é esse outro mundo que o mundo pouco vê, imerso no mundo oposto, do outro lado. Quanta treva... Quanta cegueira!... pobrezinhos... não têm os olhos, se os destruíram com as suas próprias mãos!... e não podem mais ver... e creem e enaltecem as coisas que estão emborcadas, ao negativo e correm ao negativo para baixo de vez de correr ao positivo para cima... Ah, que tristeza!... Deus me ajude!...

Sou constrangido, por momentos, a parar para me refazer da emoção... Eis que no pólo oposto a Lei, essa imensa beleza que agora estamos observando... está no oposto. Ali tudo é positivo, tudo é bondade, tudo é vida, tudo é justiça, ordem, beleza, amor... não sei dizer mais... Pois bem, essa Lei agora me conforta... é o meu Pai que está ao meu lado, é o meu amigo fiel... Tenho que o dizer forçosamente!... Não é uma fantasia! Mas não observamos, juntos, aqueles fatos? Mas como interpretar diversamente?... Os fatos são fatos ... e falam claro...

Ora as conclusões que eu tiro dessa análise são enormes... são qualquer coisa de arrebatador!... ora eu conto tudo isto que me sucede não para tornar conhecidos os meus fatos, mas porque quero apresentar aos olhos do leitor o fato vivo! Como eu vivi! Para que ele também o viva e se dê conta que tesouro imenso existe... e que ele pode um dia chegar lá. Procure avizinhar-se, eu já disse, centímetro por centímetro, a essa grande luz, faça um pequeno passo de cada vez, seja qual for o esforço que tiver de fazer... não há medida que possa limitar a grandeza e a beleza daquilo que ele encontrará no final da estrada...

Ora observemos um outro aspecto do fenômeno, isto é, analisemos como ele se comportou dentro de mim, como eu o pude observar nesse seu comportamento interior que respeita a minha pessoa... O fato é que o estou vivendo, realmente vivendo... um outro tipo de vida... que não é aquela que eu bem conheço e que todos conhecem e que é aquele normal da vida comum de todos... O meu corpo está de um lado como morto, não o sinto mais... A minha mente está liberta de todas as ideias comuns... olho para dentro diversamente... vejo o vazio, aqui portanto não há mais nada... daquele mundo eu estou fora... e onde estou?... E vivo num outro mundo, mas vivo de verdade e vivo poderosamente! Mas aquilo que é estranho, vivo numa outra forma de vida que não é a humana e que eu próprio a princípio não conhecia ou conhecia muito vagamente e que agora vivo em cheio... Portanto o que é que sucedeu? O que é que está acontecendo dentro de mim?... Para me fazer compreender e fazer ver os resultados dessa minha análise, eu necessito de descrever, o mais exatamente possível, esse novo tipo de vida que estou vivendo. A humana, todos conhecem, e não percamos tempo a repeti-lo. Mas esse novo tipo de vida, o que é maravilhoso, é que não só é diferentíssimo do humano, mas é tão vivo e tão potente que o supera... que o supera em força vital de tal modo que eu não me sinto de fato morto, mas me sinto dez vezes mais vivo do que antes!... É isto que me surpreende. E como é feito esse outro tipo de vida... Ele... está nos antípodas, parece o oposto de tudo aquilo que é a potência humana. Eu não sou forte fisicamente, volitivamente, prepotentemente, para lutar. Eu não luto, tudo vem por si só, tranquilo, automático, eu não tenho nada que conquistar, tudo vem por si só... é suprimido todo o atrito que parece que acompanha qualquer movimento humano. Vejamos, antes analisemos... esse outro tipo de vida sob o aspecto mais atraente, que é o da nossa alegria ou da nossa dor... Quais são as alegrias dessa nova vida?

O nosso mundo não é capaz de imaginá-las. É natural que estejam nos antípodas... e quem está nas trevas não pode imaginar a alegria de quem está na luz... O homem é feito de um dado tipo biológico proporcionado ao seu nível de evolução e não pode sair de repente de lá, é como querer transformar um animal num outro, outra planta numa outra. Ele está bem no seu lugar, é proporcionado às suas lutas, é construído para suportar as suas dores, aquela é a sua vida e não pode imaginar outra. Ora, quando lhe falamos dessa outra vida que eu exponho e que o mundo conhece em teoria... em forma abstrata e que chama Paraíso, chama felicidade eterna, chama com vários nomes... acha-se tendo construído belas teorias, castelos maravilhosos... mas está longe da realidade e o prova o fato de que essas construções estão nas nuvens, longe da realidade concreta e bem dura, que é bem diversa a do nosso mundo humano... Aqui a vida é uma outra coisa, é luta, é atrito, prepotência, só o vencedor tem razão, a verdade e a justiça é ele que a faz e os outros são obrigados a submeter-se, é o reino do patrão e do servo, de quem comanda e de quem se ajoelha para obedecer... Esse é o nosso triste mundo, e de quantos males, quantas trevas, quantos sofrimentos... o mundo transborda. Agora podemos compreender por quê, porque esse é o seu nível de evolução, e o sofrimento e o mal estão proporcionados ao grau de evolução alcançado e diminuem com a evolução que nós estamos conquistando cada dia, porque cada centímetro que andamos em direção ao sistema nós o fazemos em direção à felicidade, que representa a libertação da dor...

Olhemos agora do lado oposto... me vem à mente uma primeira observação... É bem natural que os homens quando procuram imaginar o que é o Paraíso não encontram outro meio senão o de multiplicar as suas alegrias humanas ao mais alto grau... mas isso os leva completamente para fora do caminho, porque não podem compreender que se trata de um mundo de natureza oposta ao deles, que está nos antípodas, pelo que para compreender as alegrias desse outro mundo não é necessário multiplicar as suas alegrias, mas destruí-las e fazer precisamente o oposto. Não compreendem que as deles estão num mundo negativo e que se trata de um mundo positivo... É assim que se explica que quando se fala dessas altas coisas espirituais e se fala da alegria imensa da sensação da presença de Deus, até negam esta que é a fonte primeira de todas as alegrias, de toda a felicidade. Mas também isto é lógico e se explica, é conforme a lei ser assim. Por quê? Quem está num dado nível de vida se construiu conforme um dado tipo biológico, e não pode compreender o que sucede a um outro nível de evolução que é construído com uma outra forma de tipo biológico. Eis portanto que tudo se explica, essa indiferença humana. Digo indiferença, porque até as pessoas de bem se vê que não se interessam muito por essas coisas. Mas é lógico e justo... porque esses têm outras coisas para se ocupar uma vez que vivem em outro mundo no qual a luta não dá trégua e não podem perder tempo em elucubrações filosóficas, porque finalmente todas essas coisas se reduzem a vãos sobre as nuvens, porque não se prendem àquele aspecto positivo, objetivo, experimental... utilitário! Como quer a vida... que ofereço eu agora contando o meu fato... A vida não dá trégua, quero dizer, a vida no nível humano, não permite voos, ócios, fantasias, etc, é tormentosa, luta de cada dia portanto o homem é compreendido e perdoado. Não é uma acusaçãoque eu faço... é uma espécie de pena que sinto pelas suas condições. Mas a vida é assim e tudo está organizado para mover-se nesse sentido.

Ora... se me perguntará: por que é que o homem se encontra situado no Antissistema? Essa é uma questão que levaria longe demais... Digo, que não podemos entrar em discussões que nos levam longe demais.[2] Passemos então no campo oposto, o do Sistema e da Lei. Aqui estamos nos antípodas. Chamo esse campo do “Sistema e da Lei”, mas quero acrescentar ainda uma palavra muito importante, quero chamá-lo até de o campo de Deus. Devo, no entanto, evitar introduzir nesse meu estudo essa palavra “Deus”, não por falta de respeito, porque eu me ajoelho comovido aos pés dessa grande ideia... mas devo evitar introduzi-lo neste estudo por uma razão que agora desejo explicar... O conceito de Deus, não o fabriquei eu, é propriedade das filosofias, das religiões, até dos ateus que o negam... de modo que eu devo respeitar essa propriedade deles e os respectivos métodos que eles adotaram ao conceber essa ideia. De fato... à ideia de Deus... vejo que chegam por estradas já estabelecidas, por exemplo, com o método da fé, se exige que essa ideia seja um mistério... Ora, tudo isto não é um fato desprezível, merece todo o respeito. Por quê?... Porque cumpriu uma função imensa!... para as consciências do passado, e que as sustentou por dois mil anos, mas as susteve na forma que elas exigiam... isto é, a força emotiva sentimental, enquanto nós aqui queremos fazer um estudo completamente diverso. Ora... aquela função foi realmente cumprida porque aquelas consciências tinham necessidade daquela forma mental... porque se as tivéssemos tratado com a forma mental que agora uso no exame dos fatos que eu coloco sobre o laboratório da vida para fazer deles um exame analítico científico, aquelas consciências não teriam compreendido nada. Inclino-me portanto com todo o respeito a essas formas, a esses modos de conceber a Divindade. Porém não posso introduzir esses métodos no meu estudo porque... porque levariam a confusões, as opiniões diversas em conflito e mais condenações... um conjunto de discussões que eu não posso... que eu não posso ter em conta. Eliminemos, portanto, pelo amor à paz, e repito, com infinito respeito... esse mundo e limitemo-nos... a chamar esse ambiente... o da Lei e do Sistema. Esclarecido esse ponto procuremos aprofundar a nossa análise.

Disse que entramos no terreno do Sistema e do Antissistema. Ali está, a Lei... e o Sistema...o vejo como um castelo esplendoroso de luz e de todas as belas qualidades que já relacionei... Em que relação me encontro eu com elas?... Eu me posso comparar com a ponta de uma agulha que conseguiu enfiar-se apenas na porta do castelo da Lei, e no entanto, por mínimo que seja, essa ponta de uma agulha é um contato. Não vi nada, não senti nada daquilo que está dentro, mas senti o sabor... do Paraíso que ali triunfa.

Mas demos um outro exemplo para melhor compreender... a estrutura do fenômeno. Imaginemos... a Lei ou o Sistema ou Deus como se queira, isto dito entre nós, como um oceano saído dos limites... E eu, o que sou?... eu estou do outro lado... Um fio sutil me liga a esse oceano. É um tubo dentro do qual passa uma gota d’água... cada tanto, lentamente... e eu sou uma esponja seca que está colocada a absorver essa gota. Ora, esta vai devagar, mas não para mais... e a esponja absorve, absorve sempre mais... até que... acaba forçosamente por saturar-se e então sucede que aquilo que pesa mais... não é a esponja seca mas a água de que ela se embebeu. Ora eu me impregnei desse fio de água que vem daquele oceano. O oceano é imenso, o fio é sutil e a gota chega lentamente e a esponja é pequena, é pequena... Mas essa saturação se realiza... e eu estou saturado dessa água e essa água é a vida nova que estou vivendo já e que me explica que se o meu corpo está meio morto... a zero, e se o meu cérebro está vazio, ele também a zero, eu estou vivo, vibrante, e penso e escrevo para dizer neste momento que estou cheio de vida, de entusiasmo, de paixão!... Ora nesse ponto surge uma pergunta grande... Observemos o fenômeno, ele nos dirá muita coisa...

Aqui se verificam... movimentos bem calculados... Há um oceano de um lado, um fio sutil... cujo tamanho deve ser calculado e que transporta um fio de água. Também este deve ser calculado. Sabeis por que deve ser calculado?... Mas porque se trata de introduções de forças de uma potência incrível, é a potência de Deus que se transforma e passa de um ser para um outro! Ora... um milionésimo de erro de cálculo ou salva ou mata, o que torna necessário uma absoluta exatidão de cálculo... É necessário notar que é também necessária uma exatidão cronométrica do fornecimento dessa água que desce do céu. E é necessário que tudo seja proporcionado ao tamanho da esponja, à sua capacidade de receber aquela água... Não vedes quantos cálculos é necessário fazer para que o fenômeno se desenvolva regularmente como de fato constatamos que sucede? Mas então que significa tudo isto? Quem é que pensa? Quem dirige? Quem sabe, quem guia?... Tudo isto o que é? É o Sistema, é a Lei! Mas então essa Lei... representa um pensamento assombroso e que, neste momento, nós nos encontramos perante esse pensamento...o tocamos com as mãos... não podemos deixar de constatar-lhe a presença. Ora me pergunto... ora me pergunto, como não ficar assombrado perante uma tal constatação de fato. Falo de constatação de fato, não estou fazendo teorias... esse é o resultado de uma análise... de um fato que estou vivendo! Que me investe todo! ... absorve-me!... enche-me! Transforma-me... dá-me uma vida nova enquanto o meu corpo e o meu cérebro estão a zero... Que me diz doutor?[3]...

Enfrentemos agora a análise do mesmo fato de um outro ponto de vista para lhe aprofundar o conhecimento. O que é a Lei, o Sistema? Eles não são como uma bela estátua, admirável, que te assombra pela sua beleza, mas até parada, é imóvel, sem vida... O Sistema e a Lei não são uma estátua, estão vivos! São vibrantes!... são exuberantes de vida!... O que é que significa isto? Que eles irradiam, irradiam em volta de si todas as suas belas qualidades. Irradiam-nas naturalmente no seu terreno positivo de Sistema, e até se arriscam a penetrar no terreno oposto, negativo, do Antissistema para ali manter uma certa ordem salvadora daquele caos infernal... Que potência de irradiação tem esse Sistema?... Ele se pode comparar ao sol que ilumina e mantém em vida todos os seres que vivem sobre a terra... Se o homem fosse exposto diretamente aos raios do sol... porque transportado para além da atmosfera, seria destruído, assim o indivíduo se fosse exposto diretamente aos raios dessa irradiação ultrapotente seria destruído, mas aqui também existem as proteções, os abrandamentos, as forças protetoras que permitem que o homem absorva na medida de sua capacidade de absorção e também aqui vejamos... o trabalho que a domina... a exatidão do seu trabalho. Também essa radiação a percebo que me invade, me penetra, me transforma, e eu a absorvo e é o meu alimento cotidiano, aquele que alimenta esse meu outro organismo, aquele em que agora vivo!...

Mas passemos a observar ainda um outro aspecto, uma outra posição do fenômeno para melhor compreendê-lo. Observemos como se comporta perante o fenômeno da dor, seja o Sistema, seja o Antissistema. É evidente que o Sistema sendo de sinal positivo seja todo feito de felicidade... e que o Antissistema sendo de sinal negativo seja todo feito de dor, essa é a tendência fundamental, a posição do ser nos dois campos. O ser que está do lado do Sistema tende a ser sempre mais feliz e o ser que está do lado do Antissistema tende a transformar tudo para baixo em direção à dor, enquanto a tendência que prevalece no Sistema é de transportar tudo para o alto em direção à felicidade. Observemos o que sucede no Antissistema.

Ele trabalha como uma serpente que procura envolver nos seus fios sutis com a aparência de um trabalho inocente, seduzindo ao oferecer gozos gratuitos... e assim... envolvendo a vítima. Mas uma vez presa a ingênua... eis que as roscas se apertam... e tendem sempre mais a envolvê-la e arrastá-la para o fundo... para o fundo até a morte. Olhemos como funciona... esse fenômeno... O homem... mesmo que situado no Antissistema é pleno, saturado, ardente, famélico de felicidade. Como nunca, por quê? Porque ele está no fundo do caminho da evolução, mas junto a esse caminho está a felicidade que é o término desse caminho. Portanto, até o involuído do Antissistema sente que a felicidade é sua, o será um dia muito longínquo, mas essa felicidade ninguém lhe poderá jamais tirar porque representa a meta do caminho da sua evolução. Ora esse indivíduo é famélico e vai procurando daqui e acolá... mas está nas trevas, está do lado oposto, está longíssimo e não sabe sequer procurar e vai por tentativas, e prova e reprova e se desilude... mas está cheio de desejos, mas esses desejos não são inúteis porque essa irrequietude o faz mover... e enquanto se move, experimenta e enquanto experimenta, erra, sofre e aprende, e aprendendo, caminha e vai avante em direção àquela longínqua felicidade. Ei-lo, esse pobre homem!... que luta, insaciável!; se é rico quer tornar-se mais rico, se é mais rico quer tornar-se mais rico ainda, se é poderoso quer tornar-se mais poderoso e se é mais poderoso quer tornar-se mais poderoso ainda e corre e corre, corre... e o que é que encontra se consegue agarrar qualquer coisa... A sua condenação é essa corrida atrás de uma miragem que se afasta tanto mais quanto ele avança e corre... e corre. Esse é o seu destino, mas é aquele que ele quer... é o meio para subir... e entretanto se esforça e avança...

Vejam como funciona o mecanismo... No Antissistema está presente o Sistema que estabelece a sua ordem e sua justiça. Então o que sucede quando o homem do Antissistema se mete a gozar?... Vários passos: o primeiro passo é o do indivíduo que se esforçou, ganhou o seu prazer. Então o Sistema lhe concede um gozo proporcionado, proporcionado ao esforço com que ele o ganhou... Mas aquele homem se faz astuto e diz: “Mas por que não repetir o jogo? Por que devo eu esforçar-me outro tanto? Tomemos... o mesmo gozo nos esforçando menos”. E isto o faz à segunda vez. Depois lhe toma o gosto e o faz à terceira vez., etc. e assim por diante. Mas... observemos o que sucede. Pela presença da justiça no Sistema situada no Antissistema esse jogo não resulta. O primeiro gozo proporcionado ao esforço é completo. Mas o segundo gozo, repetido, diminui como gozo e à terceira vez diminui ainda mais e à quarta vez diminui sempre mais até que por fim não só não é mais um prazer, mas se torna sofrimento, uma desdita, uma desgraça... e isto todos o constatam. Experimentai abusar de qualquer coisa, ou a sociedade, ou a doença ou qualquer coisa o faz parar forçosamente porque uma possibilidade de gozo contínuo... na terra não é possível. Vede aqui aquilo que eu dizia primeiramente: estamos no Antissistema... e aqui a tendência é a destruição do gozo e a substituição da dor àquele gozo. O vemos por esse exemplo!... o contrário sucede no Sistema, mas agora olhemos aquilo que sucede no Antissistema... É o Antissistema com sua negatividade que não quer que no seu plano, no seu ambiente se goze porque o Antissistema é o reino da negatividade, que significa da destruição, da dor, da morte, do mal e de todas essas infinitas desgraças... Ora é evidente que essa é a lei daquele plano e ninguém pode sair dela. De tudo isso temos um exemplo da droga... O homem crê ter-se feito astuto burlando a lei e pensa: “Ah, essa vez encontrei o modo de gozar”; e o que é que sucede?... toma a primeira dose, e tudo vai bem. Toma a segunda dose... Toma uma terceira dose e para obter o mesmo gozo deve ainda aumentar. Mas desse passo aonde se chega?... E, ora, essa droga não é de fato benéfica, essa droga mata! Ora, aumenta, aumenta cada dia e para obter aquele mesmo gozo da primeira vez é necessário ingerir quantidades enormes!... mas então esse prazer onde acaba, onde leva?... Mas esse é o caminho do cemitério, conduz à morte! Eis onde vemos mesmo... como funciona o espírito destruidor e maléfico do Antissistema. E ai de quem cai, é envolvido nessas espirais e não para mais, é arrastado até o fim e vemos o fim desses drogados que todos conhecem.

Agora desejo terminar esse assunto... com um slogan que poderia ser usado... para golpear as mentes em sentido bom e salvador. Ele diz: quem desce pelas vias do vício caminha para a morte. Esse ditado não é conclusão de teorias, é a conclusão de fatos que observamos, de fenômenos que analisamos. Aqui não se fala de fé, de sonhos, se fala de realidades... concretas, demonstradas com argumentos convincentes... e eu dirijo um apelo a quem tenha ainda força para pensar corretamente e não enlouquecer... para que se salvem!... O meu objetivo é o do Sistema!... salvar!... salvar!...

O meu coração chora ao ver tanto desastre da juventude que se perde, juventude rica de meios, de inteligência, a quem não falta nada para ter uma vida boa e bela, criadora, plena de sucessos e de satisfações altíssimas como são as do Sistema. Por isso falto tanto do Sistema, para fazer ver que existe outro mundo e onde se pode encontrar uma verdadeira felicidade que não é a da droga que mata!... uma felicidade que dá a vida eterna, uma felicidade ilimitada... que arrasta só no concebê-la... pelo tanto que é grande e bela! Quero fazer sentir a esses jovens... a minha paixão... para salvá-los... para fazer deles homens verdadeiros e sobretudo satisfeitos e felizes! Possuímos os meios ao nosso lado! Os temos sob as mãos!... Eu lhes explico, lhes ofereço, lhes ensino o caminho para os compreender e conquistar!... Que devo fazer mais?... Ajudai-me a salvá-los, faremos uma obra grande, imensa, de bem... Uma obra santa, a obra do Sistema.

Pietro Ubaldi


Manuel Emígdio da Silva, cônsul português e autor dos livros O Gênio de Ubaldi e a Evolução da Humanidade e Síntese Monista - Nasce uma ideia.., teve com Pietro Ubaldi um convívio intenso, apoiando-o em todos os seus afazeres e necessidades durante 17, isto é, de novembro de 1955 a fevereiro de 1972 – Nota do Editor.

Sobre este assunto veja-se do mesmo autor: Deus e Universo, O Sistema, Queda e Salvação. Livros escritos por Pietro Ubaldi – nota do tradutor.

Nesse momento o médico fazia sinal ao doente para não se agitar – Nota do tradutor.

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