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Temos novos artigos: Carta Aberta em Defesa de A Grande Síntese. "Medicina da Queda", artigo de Gilson Freire. E a mensagem de despedida dos brasileiros, proferida por Ubaldi em São Paulo, 1951.

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Sinopse dos Conceitos Básicos do Monismo Ubaldista

Pedro Orlando Ribeiro

Ubaldi ao longo de toda a sua obra desenvolveu um sistema filosófico partindo da causa primeira, ou seja, Deus e, desta forma, explicando as causas de todos os fenômenos, até os menores do nosso cotidiano. Segundo ele, os motivos iniciais da criação, o surgimento do SISTEMA, e a sua posterior queda no nosso universo material (ANTI-SISTEMA) se ecoa em todas as partes constituintes deste Universo.

Assim ele divide estas transformações em dois momentos, ou melhor, em dois semiciclos: o primeiro é o semiciclo involutivo em que aconteceu a derrocada de parte do Sistema (uma parte ficou incorrupta). O segundo representa a recuperação desta queda e é, por isso, chamado de semiciclo evolutivo. Estamos agora percorrendo esta segunda fase. EsSes dois semiciclos constituem o grande ciclo involutivo-evolutivo.

Segundo esta teoria, os espíritos foram criados perfeitos e livres dentro de um organismo hierarquizado constituindo um Todo harmônico, sendo Deus o vértice desta hierarquia. Estes seres eram perfeitos porque foram criados da substância de Deus, cujo atributo principal é a perfeição. Seria um absurdo admitir que a imperfeição é filha da perfeição. O que é absolutamente perfeito por natureza não pode gerar o imperfeito já que não tem em si mesmo a semente da imperfeição. A criatura que vivia num sistema hierarquizado quis ser igual ao Deus criador, advindo daí a queda.

As explicações para este fenômeno da queda estão nos atributos fundamentais que caracterizam a individualidade: o egocentrismo e o amor. O egocentrismo subtende o conceito de liberdade e de separação. Já o amor representa a união, é a força reequilibradora da unilateralidade do egocentrismo. A perfeição de um Sistema hierarquizado está no equilíbrio harmônico entre estas duas forças opostas e complementares. É fácil concluir que num Sistema dito perfeito não se pode cercear a manifestação isolada de qualquer uma destas duas forças. Assim, num sistema perfeito, é direito da criatura a prática e o uso de seus atributos. Se o equilíbrio fosse determinístico não existiria a liberdade e nem o amor e, desta forma, o Sistema seria uma imposição escravagista. Como o Sistema é hierarquizado, o conhecimento da criatura era proporcional à sua posição no Sistema, o ser não poderia saber quais seriam as conseqüências do abuso. Como o Sistema é perfeito, já existe na sua constituição um mecanismo automático de recuperação. O binário das duas forças, opostas e complementares, tende a recuperar o equilíbrio originário quando se estabelece momentaneamente a prevalência de uma sobre a outra.

Parte do Sistema se fragmentou em suas individualidades perdendo a sua característica orgânica. A queda não foi igual para todos pois se tratava de um sistema orgânico hierarquizado. Temos aí a explicação para a infinita diversidade dos seres que vemos no nosso mundo. Esta diversidade de individualidades vai desde o átomo ao homem evoluído. Com a queda surgiu o dualismo que vemos em todas as coisas; tudo neste nosso universo tem o seu inverso: Noite-Dia, Bem-Mal, Grande-Pequeno, Homem- Mulher etc.. Toda a individuação é dúplice embora mantenha sua unicidade. Esta integridade do ser, apesar da sua constituição dualística, é reflexo da criação original que era MONISTA, visto que o Sistema é infinito e por isso nada pode existir fora dele, assim o Anti-Sistema continua dentro do Sistema e mantém o principio da individualidade; o que fragmentou foi o organismo coletivo. Por coexistirem Sistema e Anti-Sistema, vemos sobressair em cada ser ou fenômeno as características de ambos sistemas, explicando assim a unidade dualistica da individualidade. Destarte, a criatura por ser de substância divina mantém sua unidade e pode exclamar: "Eu sou!".

Refletindo o Sistema original, o nosso Universo se individua por unidades trinas em que a substância universal se apresenta sob três aspectos: matéria, energia e pensamento. Sob o ponto de vista estático o Universo é um organismo, um vir-a-ser no aspecto dinâmico e um organismo de princípios e leis no seu aspecto conceptual. O Universo está em transformação contínua, passando por evolução de uma fase a outra: da matéria a energia e desta ao pensamento. Estas três fases representam diferentes níveis evolutivos da substância, constituindo assim um sistema hierarquizado em que a fase pensamento supera a fase energia e esta a fase matéria. Cada uma destas três fases da substância é marcada por uma dimensão própria que estabelecem os seus limites. Assim a matéria tem como sua dimensão o espaço, a energia, o tempo e o pensamento, a consciência. Existe uma hierarquia entre os três termos: espaço, tempo e consciência. A consciência supera o tempo (podemos pensar em termos de passado, presente e futuro) e este supera o espaço (pelo movimento); explica-se assim como a dimensão superior influi e domina a inferior, e não ao contrário. Tudo é individuado no Universo, sendo que cada individuação é trina e, em conseqüência, os três aspectos da substância estão soldados numa mesma unidade orgânica indissolúvel. Por ação da evolução, estas individualidades se reagrupam em unidades maiores para compensar e equilibrar o processo separatista da individualização, constituindo assim um Todo orgânico unitário que se reduz a um monismo universal que abarca tudo o que existe.

Vemos, portanto, que as qualidades do monística do Sistema permanecem no Anti-Sistema, embora em luta com as qualidades opostas deste último. A luta que se vê em todos os níveis é uma repetição em ponto menor do ciclo involutivo-evolutivo. Qualquer fenômeno está sujeito a repetir este ciclo: uma fase destrutiva seguida por uma fase construtiva. Este ciclo não é fechado, trata-se na realidade de uma espiral que no conjunto vai-se abrindo gradualmente. Isto explica o progresso e a evolução que vemos em nosso mundo. A evolução não é linear, ela se desenvolve por avanços e recuos repetindo, a cada passo, o motivo da criação e da queda originais. Explica-se, assim, porque todos os fenômenos de qualquer natureza (materiais, climáticos, sociais, econômicos etc.) se desenvolvem por ciclos.

A partir destes pressupostos Ubaldi desenvolveu uma obra filosófica que consegue explicar a unidade do criado e, em conseqüência, realizar a unificação de todos os ramos do conhecimento. O conhecimento fragmentário das diversas disciplinas cientificas e sociais encontram na filosofia Monista de Ubaldi o seu elo de união. Sua vasta obra de 24 volumes (cerca de 10.000 páginas) mostra esta unidade do conhecimento. Desfilam nestes volumes, além da parte teórica, assuntos que cobrem as mais diversas áreas do saber humano. Da história à religião, da arte a ciência, da matéria à energia e desta à vida e ao homem são trechos deste imenso fluir do rio da Evolução que desembocará novamente no Oceano da Divindade de onde partiu.

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